O INCÊNDIO
Poucos se lembram daquele final de ano de 1973, início de feriadão de final de ano: 29 de dezembro, um sábado. Porto Alegre viveu um dos episódios mais chocantes da sua história, o INCÊNDIO DAS AMERICANAS. Cinco moças, com pouco mais de 20 anos, morreram abraçadas, encurraladas pela fumaça e pelas chamas. Vitimadas, sobretudo, pela absoluta falta de normas e medidas de prevenção a sinistros no Brasil dos anos setenta. Elas participavam de uma festinha de confraternização. Uma, que seria a sexta vítima, criou coragem, pulou do alto, quebrou a bacia, ficou paraplégica, mas salvou-se.
A LANCHERIA
Como poucos se lembram deste infortúnio, muitos nunca souberam da lancheria das Americanas; logo, nunca tiveram saciados o prazer visual, o gosto das comidas, para sair gloriosamente feliz pelo lanche, sentir que comeu algo fenomenal.
Ajudadas pela deusa da memória, Mnemosine, pessoas queridas me ajudaram pelo facebook a traçar o caminho dos melhor do Centro daqueles tempos.
Todos se referem a Banana Split como a melhor, e olha que ninguém citou nem comparou com a da Banca 40 do Mercado. Todos falaram do Cachorro Quente como dos deuses, o melhor dos melhores, ninguém citou o Cachorro do Rosário, uma pessoa comparou com o Zé do Passaporte.
Parece que o xodó era um tipo de sanduíche que no mundo líquido de hoje e do olhar dirigido o tempo todo para a tela do celular almeja conseguir: Club Lasa. Tratava-se de, como escreve Marcelo Magalhães de Sousa de era um sanduíche de pão de forma de três andares com queijo, presunto, alface e tomate. Tostado. Era cortado em X, formando 4 triângulos. Eram dispostos de pé no prato, tipo formando o desenho de uma estrela de 4 pontas. No meio eram adicionadas batatas fritas. Não sei se deu pra entender.
Bem, vocês devem estar achando que estou de sacanagem, né? Imaginem a criatividade, o tempo, a dedicação para fazer isto, e, por favor, não compare com Subway e estas coisas da atualidade. Seria uma afronta.
Creio que se alguém fizer algo assim, vai ter filas como havia ali na época para lanchar. Tal prato é uma perda para a gastronomia local, como o sanduíche com pernil de porco que o Matheus não faz mais há dois anos.
Muitos também se referiram á torrada americana, uma pessoa falou de “misto quente”, deve ser alguém de fora.
Outras pessoas lembraram-se de que ali tinha suco de laranja, feito na hora.
Nem poderia esquecer do charme, do encantamento da escada rolante. Temos dúvidas acerca de qual foi a primeira da capital. Escada rolante surgiu um 1893 em Nova Iorque, a Villares no Brasil começou a fazê-las em 1947.
Pessoas iam às Americanas para “andar” na escada rolante. As crianças tinham-na como uma sensação.
Alguém fala também de uma lanchonete na Rua Gen. Andrade Neves, bem na frente na saída das Americanas daqueles tempos idos. Não sei, não lembro.
MEMÓRIA E ESQUECIMENTO.
Não saberia precisar aos leitores quando terminou a tal lancheria que dava para a saída da Rua Gen. Andrade Neves, a rua que mais coisas diferentes já teve nesta cidade. Aposto!
Peço, ó deusa Mnemosine, que me indique caminhos para as informações que minha memória e dos amigos ainda não tiveram.
Peço a amigos/as que continuemos nossa cruzada contra o Esquecimento.
ADELI SELL é escritor, professor e bacharel em Direito.
Fonte: professor ADELI SELL
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