A sociedade adora julgar.
Aponta o dedo, rotula, condena, mas raramente olha para si mesma.
Diz que prostituição é errado, que é “pecado”, que “fere os bons costumes”.
Mas, ao mesmo tempo, glorifica o prazer nas músicas, nas novelas, nas redes sociais.
E o mais curioso: critica quem vende o corpo, mas aplaude quem o exibe de graça, sem perceber que, no fundo, ambos estão buscando algo muito semelhante — atenção, desejo, validação, ou apenas um momento de alívio na solidão.
É aqui que nasce a contradição.
A mesma boca que condena o “sexo pago” costuma fazer piadas sobre “transar por transar”.
Mas será que há tanta diferença assim entre um e outro?
Quando alguém se entrega sem afeto, sem conexão, apenas por impulso ou tédio — isso é tão diferente de quem faz por necessidade ou escolha consciente?
Talvez o problema não esteja no ato, mas na forma como a sociedade aprendeu a enxergá-lo.
O tabu, o corpo e o julgamento
O corpo sempre foi visto como um campo de batalha entre o “permitido” e o “proibido”.
Desde os tempos antigos, o prazer foi controlado por regras, religiões e moralismos.
Mas o desejo é humano, natural e inevitável.
O que muda é a intenção e o contexto.
Quando alguém decide vender o próprio tempo, o próprio toque, o próprio corpo — isso é prostituição.
Mas e quando alguém decide se deitar com outra pessoa só pra esquecer um vazio, sem amor, sem troca, sem significado — o que é isso?
Um “ato livre”? Uma “aventura”?
Ou apenas outra forma de vender a si mesmo, sem dinheiro envolvido?
A sociedade chama um de “profissional” e o outro de “liberal”.
Mas, no fundo, ambos buscam algo que falta: companhia, afeto, prazer ou simplesmente um sentido momentâneo.
O útil e o agradável
Há quem veja na prostituição uma forma de sobrevivência.
Outros enxergam nela uma escolha consciente — uma profissão como outra qualquer.
E há ainda quem julgue tudo isso sem nunca ter parado pra pensar no que leva uma pessoa a fazer o que faz.
Mas e se olhássemos com menos moral e mais empatia?
E se compreendêssemos que, às vezes, o corpo é apenas o instrumento de uma arte mais complexa — a arte do amor, do toque, da conexão, mesmo que passageira?
Unir o útil ao agradável pode soar provocativo, mas talvez seja apenas uma forma de encarar a realidade sem hipocrisia.
---
Amor, desejo e hipocrisia
Vivemos num mundo que vende prazer o tempo todo, mas finge que o condena.
A publicidade usa o corpo.
As redes sociais exploram o desejo.
A indústria da moda, da música e do cinema lucra com a sensualidade.
Mas quando uma pessoa simples decide fazer o mesmo, com consciência e responsabilidade, o julgamento vem pesado.
Talvez o erro não esteja em quem vive o desejo, mas em quem o esconde atrás da máscara da moral.
---
Vamos refletir?
Não se trata de defender nem de condenar.
Trata-se de compreender.
De perceber que por trás de cada escolha há uma história, um motivo, uma dor, ou simplesmente uma forma de existir.
A pergunta que fica é:
será que estamos prontos para falar de sexo, amor e dinheiro sem fingir santidade?
Ou continuaremos fingindo que prazer é feio, enquanto o buscamos em segredo?
💬 Estou escrevendo sobre isso em meu blog:
“A arte do amor, a arte do sexo por dinheiro — unindo o útil ao agradável.”
Um texto que não é sobre o corpo, mas sobre a alma.
Sobre a forma como julgamos o outro sem perceber o quanto somos parecidos.
🫵 Reflita, questione, converse.
E, se quiser, compartilhe.
Talvez essa conversa precise sair do silêncio pra começar a fazer sentido.
Continua.... clique aqui para a parte 02
Comentários
Postar um comentário